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Tumores cerebrais são a principal causa de mortes por câncer em crianças. Buscando mudar essa realidade, pesquisadores analisaram os genomas de 760 tumores e concluíram que os níveis de presença de um gene específico podem ajudar a prever as chances de sobrevivência ao longo prazo de pacientes pediátricos com meduloblastoma SHH, um tipo de câncer cerebral. A expectativa é de que os tratamentos contra a doença se tornem mais eficazes a partir do estudo realizado pela equipe do Laboratório de Câncer e Neurobiologia do Centro de Pesquisa Experimental do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em parceria com UFRGS, Instituto de Câncer Infantil e a startup Epigenica Biosciences.

Os tumores relacionados ao tipo de câncer investigado apresentam, em geral, uma anormalidade no conjunto de mecanismos biológicos que regulam a estrutura do DNA e a expressão dos genes. A pesquisadora Barbara Kunzler Souza, orientada pelo professor Rafael Roesler, descobriu que, em pacientes com meduloblastoma SHH, a alta expressão do gene G9a nos tumores está associada a um menor tempo médio de sobrevivência dos pacientes. Já nos casos de tumores que apresentam níveis reduzidos do gene G9a, existe maior probabilidade de cura ou sobrevivência de longo prazo. 

A descoberta aponta que o gene G9a pode ser um novo biomarcador, capaz de  auxiliar na compreensão da evolução e das prováveis consequências da doença no paciente, contribuindo na tomada de decisão sobre as melhores estratégias de tratamento. Ao ser cultivado in vitro e tratado com um composto químico que inibe a enzima G9a, foi observada uma redução da capacidade de sobrevivência das células tumorais. Assim, a pesquisa fornece uma evidência preliminar de que inibidores da enzima G9a podem contribuir como novos agentes antitumorais em casos de meduloblastoma SHH. 

A pesquisa EHMT2/G9a as an Epigenetic Target in Pediatric and Adult Brain Tumors, de Barbara Kunzler Souza, Natalia Hogetop Freire, Mariane Jaeger, Caroline Brunetto de Farias, Algemir Lunardi Brunetto, André T. Brunetto, Rafael Roesler, está disponível em preprint. O estudo teve apoio da FAPERGS, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ICI, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e Epigenica Biosciences.