Início do Conteúdo

Doenças psiquiátricas como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH),  transtorno bipolar, depressões graves e esquizofrenia apresentam uma origem genética em comum. A informação, que tem potencial para transformar a maneira como são diagnosticados os transtornos mentais, foi descoberta através de estudo conduzido pelo BrainStorm Consortium e publicado na revista Science. No “DNA” deste trabalho está presente o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e a USP, instituições brasileiras que contribuíram para o projeto.

Os resultados mostraram ainda que, mesmo apresentando sintomas diferentes, há também sobreposição genética entre anorexia nervosa e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), bem como entre TOC e síndrome de Tourette. Já entre as doenças neurológicas, como as doenças de Parkinson, Alzheimer, epilepsia e esclerose múltipla, existem poucos fatores genéticos comuns. Os apontamentos demonstram que os transtornos psiquiátricos podem ainda precisar de uma melhor definição diagnóstica, enquanto que os neurológicos parecem melhor delimitados.

O HCPA participou do estudo através dos pesquisadores do Ambulatório de Déficit de Atenção (ProDAH), unidade de referência que conta com um amplo banco de dados das características clínicas e genéticas dos pacientes atendidos nos últimos 18 anos:

 - É um esforço local inserido na ciência de primeiro mundo, explica o professor Eugenio Grevet, chefe do Serviço de Psiquiatria do HCPA. Ele e o professor Claiton Bau, do Departamento de Genética da UFRGS, coordenam o ProDAH de adultos, e acrescentam que o ambulatório forneceu o histórico clínico e material genético de mais de mil indivíduos com e sem TDAH, sendo os últimos obtidos com a colaboração do Serviço de Hemoterapia do HCPA.

Este estudo foi uma colaboração internacional de múltiplos centros de pesquisa, incluindo grupos da América do Norte, Europa e Ásia. O esforço colaborativo internacional conseguiu agrupar uma das maiores amostras já analisadas em um estudo psiquiátrico ou neurológico, incluindo informações de 265,2 mil pacientes e 784,6 mil indivíduos saudáveis. A amostra final ainda contou com dados de 1,2 milhão de pessoas para comparação com outras doenças clínicas e características comportamentais, constituindo uma amostra final de mais de 2 milhões de indivíduos.