A defesa da laicidade como instrumento de promoção de paz entre todas as religiões foi tema de palestra para os funcionários do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) nesta quarta-feira (24). O tema “Laicidade e Intolerância Religiosa” foi debatido pela bióloga da Diretoria de Pesquisa e membro do Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão do HCPA, Marcia Raymundo.
Para Marcia, é preciso estimular a laicidade - entendida como a proteção da crença e das liberdades religiosas e a separação entre Estado e Igreja - porque esta respeita a diversidade e promove o respeito. “Laicidade é uma ferramenta para evitar o favoritismo ou a discriminação das religiões. Ela não é antirreligiosa ou anticlerical. Não é neutra, mas é imparcial, porque defende a inclusão de todas as crenças” afirmou.
Mediadora Marta de Goes e palestrante Marcia Raymundo durante a palestra
A relação entre laicidade e instituições de saúde também foi abordada na conversa. Segundo Márcia, muitos pacientes não dizem qual a sua religião, por medo de serem discriminados. Por outro lado, também é necessário evitar que profissionais de saúde, pacientes e acompanhantes tentem convencer os outros sobre suas crenças. “É um processo educativo”, acredita. Sobre a realização de cultos e a colocação de símbolos em instituições públicas, Márcia defendeu que “a laicidade ensina que a única maneira de incluir todos é não privilegiar nenhum”.
Laicidade no HCPA - o Hospital de Clínicas possui um cadastro para líderes religiosos, que pode ser acessado pelos pacientes que estão internados e gostariam de receber o apoio de alguém que professe a sua fé. Além disso, possui ferramentas para o combate à intolerância religiosa, que pode ser denunciada na Ouvidoria. A intolerância religiosa é crime e se manifesta de várias formas, como xingamentos, violência física ou depredação de templos religiosos.
O evento foi organizado pelo Comitê de Diversidade, Equidade e Inclusão do HCPA, em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro. A mediação foi da participante do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde e Espiritualidade (Neise), Marta Oliveira de Goes. O conteúdo na íntegra pode ser acessado no Youtube, clicando aqui.