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Cerca de 50 pacientes com doença renal crônica vêm ao Serviço de Nefrologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) diariamente para realizar sessão de hemodiálise, um dos tratamentos utilizados para substituição da função renal que consiste em remoção de líquidos e substâncias tóxicas do sangue. Cada sessão tem duração de quatro horas e a frequência é intensa: três dias por semana. Durante este período, o uso de lápis de cor, canetinhas, desenhos diversos e pranchetas são estimulados pela equipe multiprofissional da unidade de tratamento.

“Os desafios que as pessoas em hemodiálise enfrentam são imensos. O tratamento sustenta a vida e alivia uma série de sintomas decorrentes da doença renal crônica. No entanto, impõe muitas limitações”, analisa a responsável pela iniciativa de inserir os desenhos e pintura na vida dos pacientes, a professora do Serviço de Educação Física e Terapia Ocupacional Angélica Nickel Adamoli. As pessoas que realizam hemodiálise apresentam redução da capacidade funcional, que resulta no comprometimento das atividades básicas: lazer, trabalho e convívio social. “Considerando esses fatores e os benefícios que a expressão por meio da arte pode proporcionar, nota-se a partir da adesão e retorno dos pacientes e familiares, que é possível promover mais saúde e qualidade de vida por meio desse trabalho”, completa. 

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Thayna Medeiros Rodrigues, 14 anos, e Rosa Maria Vogt, 65, já se beneficiaram da iniciativa lúdica. Thayna, moradora de Alvorada, chega ao hospital às 7h30 para hemodiálise e sai às 11h. “Gosto de pintar porque alivia a dor e o tempo passa mais rápido. Notei também que já desenho melhor, desde abril, quando iniciei o tratamento e as pinturas”, comenta. Sem um rim e com o outro funcionando pela metade, ela segue com o tratamento e os desenhos, até conseguir um doador para o transplante. 

Rosa Maria, moradora de Viamão, frequentou por 10 anos a Nefrologia do HCPA. “Durante esse tempo, pintei e bordei muito. Foi uma das coisas que me deixou feliz e me fez não desistir do tratamento”, lembra. Após uma década de hemodiálise e 17 tentativas para conseguir um rim, no último dia 21 de agosto, a aposentada realizou o transplante. “Agora não dependo mais de máquina para viver”, comemora. 

Os desenhos produzidos pelos pacientes serão expostos na I Mostra Cores da Hemodiálise, no dia 15 de setembro, integrando a programação do II Simpósio Multidisciplinar em Nefrologia.