Um mapeamento inédito das doenças mentais que atingem os brasileiros foi lançado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A primeira Rede Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na área da Saúde Mental (ReNaSaM) tem por objetivo identificar a prevalência de doenças mentais graves como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, estresse pós traumático, abuso de álcool e espectro autista na população brasileira. 

Outro objetivo da ReNaSaM é realizar este mesmo mapeamento de saúde mental nas universidades públicas do país e compará-lo à pesquisa feita entre a população. Isso porque, como não há dados nacionais em saúde mental, o risco é concluir que há uma epidemia dessas doenças nas universidades, quando o problema pode abranger todo o país.

Também será criada uma rede de experts em saúde mental para desenvolver o projeto, sediado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no HCPA. A iniciativa foi desenvolvida a partir de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no valor de R$7,5 milhões.

O professor do Serviço de Psiquiatria do HCPA e da UFRGS e coordenador da ReNaSaM, Flávio Pereira Kapczinski, disse que esta é uma iniciativa inovadora e inédita no país. “Vai ser um catalisador para qualificar o nosso sistema de saúde mental, para o treino de instrumentos e de métodos diagnósticos, além de ser um embrião de novas tecnologias, como os tratamentos remotos”, afirmou. A rede também pretende trabalhar para reduzir o estigma que as doenças mentais criam na população, inclusive criando um sistema de compartilhamento de informações em linguagem acessível. “Muitos sofrem calados com essas doenças, são excluídos da família, se envergonham e não procuram ajuda”, disse Kapczinski. 

A rede foi lançada durante a Jornada da Rede Nacional de Saúde Mental, que foi realizada no Hospital de Clínicas  no dia 3 de maio. Participaram do lançamento da Rede o diretor-médico do HCPA, Brasil Silva Neto, a vice-diretora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professora Andréia Biolo; a secretária de Política e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, professora Marcia Cristina Bernardes Barbosa; a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, pesquisadora Letícia de Oliveira Cardoso; o representante do Ministério Público do Rio Grande do Sul, procurador de justiça Juan Carlos Durán; o membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências e Doutor Honoris causa pela Universidade de Sorbonne na França, professor Wilson Savino e o coordenador da Rede Nacional de Saúde Mental, professor Flávio Kapczinski. 

Rede foi lançada em evento no Hospital de Clínicas