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Entre 7 de fevereiro e 6 de março, o número de hospitalizações por coronavírus aumentou de 1.738 para 6.994 pacientes no Rio Grande do Sul. Um estudo realizado no Hospital de  Clínicas de Porto Alegre (HCPA), analisando dados de casos selecionados, evidencia um aumento de hospitalizações e o aparecimento da variante P.1. na grande maioria das amostras de fevereiro que foram sequenciadas.

A pesquisa analisou amostras de 15 pacientes do HCPA em janeiro e 27 em fevereiro, com carga viral alta e cerca de 40 anos de idade ou menos. “Nosso trabalho não permite avaliar prevalência na população em geral, mas indica que nos casos específicos analisados pode ser indicativo de associação com o grande aumento no número de casos nesse período” explica o pesquisador e coordenador do Laboratório de Pesquisa em Resistência Bacteriana (Labresis), Afonso Barth. 

Amostras de períodos anteriores evidenciavam uma diversidade de variantes em circulação, com um predomínio da variante P.2 ainda em janeiro.  No dia 30 de janeiro foi detectado o primeiro caso da  P.1 nas amostras sequenciadas. Essa variante surgiu em Manaus no fim de  novembro, impactando fortemente o  cenário do norte do país em dezembro e janeiro, e já se sabia da sua disseminação em outros estados. 

Em fevereiro, com a sobrecarga de doentes graves no RS, foi identificada em  88,9% dos casos selecionados para sequenciamento. Embora a amostragem seja reduzida e não aleatória, há indicativos de que os gaúchos enfrentam um fenômeno semelhante ao que aconteceu no norte do país. “Com a introdução da variante P.1., ela tende a  predominar e pode, por ser mais transmissível, ter se espalhado muito”, ressalta o professor de infectologia Alexandre Zavascki.

O estudo completo foi publicado na revista Eurosurveillance e está disponível aqui.